Nós criamos nossas diferentes sociedades em que os elementos mais cruciais como: os meios de transportes, as comunicações, a agricultura, a medicina, a educação, o entretenimento, a proteção ao meio ambiente, e até a importante instituição democrática do voto dependem profundamente da ciência e da tecnologia. Criamos, por conseguinte, baseados em códigos matemáticos uma ordem incompreensível para pelo menos 90% dos mortais que lidam com esses elementos tecnológicos. Trata-se de uma receita para o desastre, pois podemos escapar ilesos por algum tempo, porém cedo ou tarde essa mistura de poder com ignorância explodira em nossa cara. O perigo esta no fato de um ser, usar uma ferramenta desconhecendo suas peculiaridades, seus limites, seus efeitos colaterais e os seus códigos de origem. E se a pessoa de tem o poder para usar a ferramenta e não entende o código só resta a ela crer ou não crer nas palavras de terceiros, os supostos detentores do conhecimento, não obstante instala-se uma infame situação em que o individuo em questão torna-se um crente e fica dependente da orientação alheia.
Carl Sagan foi um grande divulgador cientifico e escreveu no seu livro "Um mundo assombrado pelo demônio" que um dos grandes mandamentos da ciência é: "Desconfie dos argumentos das autoridades". As autoridades devem provar suas afirmações como todo ser humano. Autoridades com doutrinas que são pouco autocrítica e com pretensões a ter certeza tornam-se extremamente perigosa à medida que sua influencia cresce abrangendo inclusive os conhecedores do código. Sagan
completa com algo que deve servir como um grande aviso a todos: "Sendo primatas e, portanto dados à hierarquia e poder, é claro que os cientistas nem sempre seguem esse mandamento". Portanto Sagan completa que devemos seguir ainda um outro poderoso mandamento cartesiano, que traz luz a seguinte premissa: "não existe nenhuma questão que não possa ser discutida à luz da ciência". Segundo este respeitado autor não é possível uma opinião ser refutada sem sua devida análise crítica, é a princípio, válida, qualquer opinião sobre qualquer assunto, devemos, portanto submeter à questão a rigorosa e agnóstica analise científica não influenciável para, por fim, definirmos sua veracidade. Porém, não existe nada mais difícil do que encontrar estes agnósticos não influenciáveis e ainda levar a luz da razão há um mundo submetido à crendice a miséria e às verdades absolutas.
Essas idéias não são novas arremetemo-nos a Voltaire em seu livro "Candido" escrito 1758 verifica-se nesta pequena fabula que o Candido sempre pagou muito caro por sua ingenuidade. No livro o mestre Pangloss ensinava metafísica teólogo cosmológica à Candido e mostrava de forma bastante coerente que este é melhor dos mundos possíveis e que as coisas não podem ser de outra maneira: pois tudo existe com uma finalidade e as coisas caminham para o melhor dos fins possíveis. Cito um dos argumentos de Pangloss em sua metafísica: "observem bem que os narizes foram feitos para segurar óculos, de maneira que temos óculos"... "As pedras foram formadas para serem talhadas, e para de construírem castelos com elas, de maneira que o monsenhor tem um belíssimo castelo; o maior barão da província deve ter a melhor moradia". Em nossas salas de aulas temos milhares de mestres tipo Pangloss, que ensinam a submissão a idéias tolas de forma a acatarmos autoridades perigosamente tolas. Os pupilos dos mestres do tipo Pangloss atuais não são ensinados a duvidar do nosso moderníssimo relicário metafísico. O quadro mostra que em 300 anos as coisas continuam sempre atuais; nossos barões continuam a ter a melhor das moradias possíveis, sem onerar pecuniariamente seus próprios rendimentos. Portanto a cerca de 300 anos atrás Voltaire nos afirma que nossa boa fé, a nossa ingenuidade, a nossa ignorância, nossa crença e nossa mão de obra constrói a sociedade de forma a manter no poder nossos atualíssimos senhores feudais.
Submetido à vilania de pessoas ateias de má índole, o crente torna-se presa fácil, seu dinheiro sustenta impérios multinacionais, sua força de trabalho ergue fabulosas catedrais onde reina a verdade fictícia e absoluta. Nestes locais os mais variados dos problemas humanos são resolvidos com uma simples prática meditativa de um herói que fora eleito representante de uma divindade na terra, uma simples oração deste individuo é suficiente para curar um câncer. Observe que mesmo que o câncer seja curado efetivamente, o suposto problema seja resolvido, a pessoal é salva sem trabalho, sem suor, sem luta, sem dor. Será que como Candido; deveremos aprender da pior maneira possível que toda conquista toda salvação tem seu preço, e deveremos paga-lo cedo ou tarde.
È deveras terrível considerar a possibilidade da existência de um ser humano, que possa resolver qualquer problema com um simples pensamento. Verifique que seria tirada de nós a própria razão de nossa existência, visto que, não haveria a necessidade de lutar pela vida. Não existiria necessidade de se aprender coisas novas de tentar melhorar como ser humano, enfim não haveria necessidade de plantar uma horta para alimentar a nossa prole. A suposta existência dessa entidade nos faz pensar que basta meditar, pedir, rezar, que a fome passa, e já que grande parte das patologias é causada pela falta de alimento devido à desnutrição essa fração do problema estaria resolvida. O escorbuto da tripulação poderia ser curado bastando que o capitão do navio tivesse fé. Porém, não devemos supor de pré-conceito que tais seres não existam, afinal nada a princípio é impossível ou possível, mas, historicamente parece que cada conquista, cada melhoria na qualidade de vida foi obtida as custa de trabalho duro por parte dos seres humanos. Não se almeja nenhum gloria sem gasto, sem trabalho, sem luta. Até o escorbuto pode ser combatido ingerindo-se alimentos adequados segundo algumas praticas medicinais ortodoxas.
Alguns bons céticos questionam: _Existem pessoas que possuem tudo e nunca lutaram? A resposta é sim! Existem e essas pessoas são os herdeiros de humanos batalhadores que lutaram e que deixaram reservas a sua prole. Alguém lutou, trabalhou para conquistar tais reservas, ou roubou estas reservas de outros menos afortunados e não fora surpreendido praticando tal crime. Seja como for essa é uma análise judiciosa e a lei deveria verificar licitude de tais reservas, supondo que os representantes legais não participem da divisão do espólio, visto que a justiça só existe para seres de iguais poderes econômicos.
Vamos supor que conquistar uma vitória de forma licita é melhor que conquista-la de forma ilícita, deveríamos dedicar nossa vida a nos tornarmos vitoriosos lícitos, o sabor da tal vitória licita é magnífico, e ainda dormiríamos sabendo não haver prejudicado os outros concorrentes. Schopenhauer no livro "A arte de se fazer respeitar" explica de maneira bastante interessante o que é uma coisa bastante esquecida nos dias de hoje, os jovens deveriam ser apresentados a esta coisa peculiar chamada honra e suas diversas espécies. Schopenhauer denuncia que mesmo a honra esta submetida a crendices, a valores fictícios, valores temporais, valores culturais. Embora seja um valor de fictícia honradez não parece ser de grande valia vencer de forma ilícita; o leitor deve tentar entender e perdoar este antiquado escriba por seus valores ultrapassados. É sabido que nosso maior concorrente é nossa própria arrogância, parece que conquistando licitamente nossas reservas não haveria manchas em nossa honra, não seria necessário mentir a si mesmo. "Não prejudicar qualquer ser que vive deveria ser a palavra de ordem."
Porém como sempre buscamos evitar as nossas dores admite-se de forma bastante simples nosso salvador, o conhecedor do código o eleito por entidades sobre humanas. É interessante salientar não verificarmos o currículo do nosso salvador, não verificamos se os fatos apresentados são verossímeis ou não, a nossa preguiça é um grande aliado do meliante, e em geral herói é aceito, ou seja, sua versão da verdade é aceita e com o tempo e com um tremendo poder de persuasão se torna imprescindível. Como o inocente Cândido submetemo-nos as palavras de mestre Pangloss; e mesmo quando desmascarado o charlatão permanece vivo nas suas idéias, a impressão que fica é que, a verdade depende da aceitação de uma idéia, uma vez aceita, sua veracidade não importa, é triste submetermo-nos a tais elementos de braços abertos sem qualquer objeção.
O Cândido irá descobrir da pior forma possível que é extremamente perigoso estar vivo, nada pode aliviar esse fato, e nenhuma verdade suplanta a nossa busca por vencermos as nossas próprias fraquezas, por fim evoluirmos perante nós mesmos. E você alguma vez sozinho em teu quarto, sem as tuas máscaras, aquelas usadas em tua labuta diária, sem a tua maquiagem, sem as tuas armas, e totalmente despido, visto, pois, que tuas roupas podem encobrir teu verdadeiro eu; (é que quando despidos somos, em teoria, "quase iguais") em frente a um espelho olhando diretamente em teus próprios olhos; terias a coragem de te perguntares:
Quem é você?
No que você crê?
Até onde você iria para defender suas crenças?
A quem você serve?
Quais são suas verdades?
Cuidado não responda as questões acima sem pensar, pois uma coisa é dar uma resposta rápida e de certa forma mentir para que os outros lhe deixem em paz, outra coisa bem mais perigosa é mentir a si mesmo sem necessidade. Ser falso consigo mesmo, implica numa posição sifilítica diante do mundo já bastante combalido, mas, não tenhas medo se não souberes quem és com certeza, a grande maioria das pessoas do planeta não sabe quem é, não possui a menor idéia de onde advem suas próprias crenças, simplesmente acreditam pois assim foram condicionados a crer, não sabes a quem serves, porém, o faz com devoção. É possível verificar que grande parte da população deste pequeno asteróide acredita em verdades comerciais, verdades que foram alardeadas pelos meios de comunicação e depois obtidas em um hipermercado, feira ou butique a preços módicos. O hedonismo praticado atualmente em larga escala nos arremete uma grande enrascada existencial, pois, "até quando poderemos pautar nossas vidas em verdades comerciais baseadas nas novidades da moda?"
Alias cuidado com que acredita; cuidado com suas certezas; se acreditas profundamente em algo comece a questionar até onde sua certeza pode ir comece a duvidar, pois esta é a única arma contra o fanatismo, contra o preconceito, contra a intolerância; comece a duvidar pois esta as em novidades" a duvida existe em todos os setores do conhecimento humano; a própria física, a toda poderosa matemática leva em consideração determinados níveis de indeterminação em seus teoremas. Seja como for, o fato de algo dar certo ou dar errado é uma questão de estatística: observes que quando atravessas uma rua tu verificas se será possível chegar do outro lado sem que sejas atropelado, como fazes isso? Uma de suas possíveis respostas seria: __Verifico se o automóvel esta distante o suficiente de forma que eu possa chegar do outro lado antes que o automóvel cheque em mim! Afirmamos peremptoriamente que tens uma grande capacidade de estimar velocidades, distâncias e tempo, visto que esta a ler estas divagações, é, portanto uma pessoa dotada de um grande senso empírico e realiza a priori cálculos complexos. O mais interessante é que se errares um único calculo é grande a probabilidade de não voltares a errar novamente devido um problema de quantidade de movimento e diferença de resistência mecânica entre tu e o automóvel em questão. A conclusão é que estimas mentalmente posição, velocidade e espaço percorrido somente com um rápido olhar e acreditas poder atravessar a rua em segurança; existe, todavia a possibilidade de estar errado. A duvida existe e é tangível e devemos aceita-la como uma das mais magníficas estruturas da vida; é extremamente perigoso estar vivo e a beleza da vida resume-se no fato de que não existem certezas, não existem lugares seguros, não existe uma idéia que seja certa sem sua comprovação empírica. De forma geral ter certeza de algo implica no fato de estarmos certos da veracidade da coisa e em vista disso deixamos de procurar a verdade por traz da coisa, nos iludindo de termos chegado a verdade absoluta sobre o fato e deixamos de investigar não considerando a probabilidade de estarmos errados sobre a questão.
O cantor brasileiro Oswaldo Montenegro afirmava no LP de em um show ao vivo gravado no Palace em São Paulo em julho de 1988; "Jamais vi um imbecil exitar." De forma bela elaborou uma alegoria à dúvida, e de como a incerteza poderia ser maravilhosa, colocava-se ainda o artista contra os grandes pais os salvadores da humanidade os heróis. É interessante verificar o quanto uma pessoa resoluta de suas ações pode destruir em nome de suas crenças. Acreditando estar certo uma pessoa pode mudar uma civilização inteira, segundo alguns, isto é bom, todavia deveríamos discutir melhor o assunto. A mudança gerada por uma só pessoa, pode ser pior que a estrutura antiga, pois o herói que promoveu a mudança pode estar errado em suas convicções. De fato realmente parece não existir elemento mais pernicioso a uma civilização anterior que um herói revolucionário, pois vivo continua pregando suas verdades e se morto torna-se um mártir da sua causa e torna-se imortal em suas crenças. O herói é este camarada que aparece, sabe-se lá de onde e resolve o nosso problema, nos salva não nos pergunta se queremos ser salvos; não nos permite que possamos ao nosso modo tentar resolver a questão; não nos permite o infame que, possamos errar e que aprendamos com os nossos erros. Viver é extremamente perigoso, portanto é necessário que aprendamos a resolver por nos mesmos nosso problemas, pois cedo ou tarde seremos abandonados a nossa sorte e teremos que nos acertar com nossos demônios internos e externos.
Muito embora os heróis sejam ovacionados em praça publica em carros abertos, com direito a discurso, fanfarra e todo o resto; este indivíduo custa muito caro à sociedade em longo prazo. A princípio Ficamos muito felizes por termos sido salvos e tentamos agradar nosso salvador, tentamos aprender com ele como ser também um herói. Vestimos o que ele veste, falamos como ele fala, acreditamos no que ele diz, tentamos espionar a forma como faz sexo para podermos aplicar suas técnicas em outras cobaias; em outras palavras tornamos o herói um exemplo a ser seguido e passamos a amá-lo. Parece que todas as pessoas que conhecemos amam o herói. Se não conseguirmos forçar nosso amor; então ficamos nos perguntamos o que a de errado comigo por que não vejo graça nesse cara? Será que sou alienígena? Ser diferente é muitíssimo perigoso, afinal devemos pensar como a maioria então; primeiro tentamos amar este recém criado ídolo, afinal tantas pessoas o amam, ficamos envergonhados caso não consigamos, e depois varias tentativa conseguimos nos convencer e realmente passamos a amar o que ele representa, pois se trata de uma luta injusta, visto que é complicado e perigoso não estar de acordo com a maioria. O fato é que embora sejamos a principio relutantes, ficam em nosso subconsciente os valores morais e individuais do herói, valores que criam raízes de forma inocente, inofensiva; desapercebidamente se instalam. Quero frisar que tal absorção ocorre de maneira lenta e inercial; invariavelmente, tais valores não questionados são depositados em nosso inconsciente e o deposito dessas verdades ocorre em camadas; na superfície grossa e toscas camadas de crendices sólidas; mais abaixo escondida existem largas camadas de ignorância rochosa, cavando um pouco mais chegamos às camadas de subserviência arenosa compactadas pela pressão e por longo tempo de exposição a valores adquiridos, tudo depositado sobre o medo liquefeito. São necessários anos de trabalho de escavação de um antropólogo meticuloso, para se verificar a procedência de cada camada de cada velho osso enterrado, cada fóssil; porém não subestime a pesquisa, trata-se de um trabalho perigosíssimo, pois se cavar fundo demais o medo jorra quente e acido, destrói tudo que encontra por onde passa, e não existe nada mais destrutivo que seres vivos com medo de alguma coisa, pois cedo ou tarde o medo rompe sua clausura jorra sua larva matando todos no seu caminho.
As pessoas são influenciadas em seu dia-a-dia, em suas vidas crendo na inocência de seus atos, afinal sempre foi feito desse modo e sempre deu certo, ocorre de haver indivíduos que levam essas crenças às ultimas conseqüências, subsequentemente geram em longo prazo o preconceito, à prática da exclusão social, e a intolerância; devido ao fato de não parar para pensar; e se perguntar:
Da onde eu tirei este valor que agora defendo?
Será que este valor nasceu comigo?
Com quem apreendi esta verdade?
Será que meus valores pessoais estão errados?
A maioria responde que: sempre deu certo! Mudar para que?
Existem pessoas, que jamais se fizeram estas questões, e que resolvem uma situação de forma resoluta, baseados em suas crenças, sem sequer avaliar conseqüências de seus atos. É possível encontrar estas pessoas em todos os lugares; são seres que possuem certezas embutidas no fundo de suas almas. Isto complica a vida de forma acentuada a vida neste pequeno planeta, pois, as certezas nascem das crenças que por sua vez não possui razão lógica para sua existência a não ser a necessidade humana de sobrevivência, de liderança, de busca de um culpado para seu vazio existencial, vazio este que nasce com o próprio ser e que não possui nenhum medicamento disponível na drogaria mais próxima.
A busca de algo que faça a vida parecer melhor do que aparenta ser, faz nascer o herói sem medo, e o torna um mito, faz da verdade absoluta uma muleta, ou algo como uma fuga da realidade. Realidade que de certa forma parece ser insuportável para estes seres comuns medrosos indecisos; porém diferentemente o herói é amado por todos, é corajoso, é decidido, não parece comum, alias ele não parece humano.
Submetidos ao bombardeio intermitente de valores que colocam suas crenças em cheque, os heróis e seus vassalos tornam-se indivíduos violentos capazes das maiores atrocidades. Se as pessoas que compõe sociedade tiverem o desenvolvimento intelectual suficiente para interpretar e avaliar valores embutidos, poderia, ou melhor, deveria praticar uma forma de exérese social buscando eliminar essa patologia, caso pudesse diagnosticá-la ainda no inicio, caso contrário teremos de enfrentá-los numa luta de vida ou morte defendendo ideologias antagônicas.
Vários são os exemplos históricos perfeitamente documentados; todavia, não há como negar que entre todos os infames disponíveis; Adolf Hitler, foi um dos maiores herói que a Alemanha conheceu, retirou o país da hiperinflação, combateu a fome e miséria, educou seu povo, e com o desenvolvimento tecnológico elevou sensivelmente o nível de vida no seu país colocando-o no topo dos paises emergentes de sua época. Os valores desse ícone humano foram incorporados por toda uma sociedade, suas crenças foram difundidas sem questionamento de forma peremptória se tornaram domínio publico. Outros líderes de grandes nações foram também influenciados por este grande herói humano, inclusive os cidadãos brasileiros e seus lideres contemporâneos à época. Milhões de seres humanos crentes nos valores deste indivíduo; sacrificaram suas vidas e as de suas famílias defendendo pontos de vista obscuros, dúbios, do herói do grande pai, do salvador. As verdades do mito tornaram-se as verdades absolutas de uma nação defendidas de forma ferrenha pela população. Corroboradas pelo êxito político da figura histórica do grande herói invencível e indestrutível, verifica-se ainda que o mito uma vez incorporado, pode impunemente praticar atos que fariam o marques de Sade ficar corado, e ainda assim sobressair limpo incólume.
As questões são:
Como e porque nasce o herói?
Porque necessitamos imitar determinado herói?
Porque devemos ser servil a ele?
Porque amamo-lo?
È chocante verificar, que quando estamos amando, tentamos justificar os atos do nosso abjeto de adoração, tentamos defender nosso amor a qualquer custo dos seus detratores. Não consideramos a possibilidade dos detratores terem razão, e nosso herói, nosso amor, nosso objeto de adoração não ser assim tão infalível, parece, portanto, que os fatos não são importantes, somente o amor ao nosso salvador é contabilizado.
O também Alemão Friedrich Nietzsche; escreve em seu livro "alem do bem e do mal"que: "A falsidade de um juízo não chega a constituir, para nós uma objeção contra ele..." e afirma "... nossa inclinação mais básica é afirmar que os juízos mais falsos nos são os mais indispensáveis, que, sem permitir a vigência das ficções lógicas, sem medir a realidade com o mundo puramente inventado do absoluto...".conclui " renunciar aos juízos falsos equivale a renunciar a vida, negar a vida.." certamente é difícil negar que sociedades inteiras foram criadas sob a égide de valores fictícios. Ainda no mesmo livro Nietzsche recriminava os filósofos clássicos chamando-os de aduladores de Dionísio, clientes de tiranos, puxa sacos servis, cito a frase "... são todos atores, nada neles é autentico." Pressupõe-se que se filósofos podem criar uma verdade para agradar determinado líder, que dizer de pessoas simplórias que buscam apenas a sobrevivência, junte-se a isto a miséria, a ignorância e a busca de culpados para esta situação, e teremos um quadro bastante ominoso. Não havendo pensadores que se coloquem contra estes valores, os mesmos tendem a perdurar indefinidamente, verifica-se também, que uma vez incorporado como verdade, de alguma forma torna-se inconsciente coletivo e resistem à passagem do tempo, criam raízes profundas, com o clima mostrando-se favorável, floresce esta erva daninha, que cresce vistosa e forte, com grande poder de multiplicação; se caso não houver um jardineiro conciso de seu dever no local, a destruição do jardim é completa e inexorável.
Nos dias de hoje é possível encontrar pessoas defendem as verdades sifilíticas, verdades cancerosas, seres que matam e morrem e nome de um erro; não é aceitos questionamentos as suas crenças, não discutem suas idéias, pois, as mesmas estão incorporadas como verdades absolutas. Tais grupos ou tribos podem não evoluir se forem submetidos a constantes ataques de pessoas racionais, que não se deixam levar por modismos, para que isso ocorra é necessário serem estudiosas da história mundial e criteriosa nas suas avaliações de valores. Conclusões tiradas rapidamente podem estar baseadas em valores adquiridos em verdades adquiridas, sujeitas às praticas preconceituosas dos nossos antepassados, portanto o estudioso deve verificar cuidadosamente cada palavra antes da submeter-se a determinados valores por melhores que possam parecer. Até mesmo os contos infantis podem estar recheados de ideologia preconceituosa, contra determinadas partes da população estes valores perduram-se ao longo da vida do individuo e é transmitida à próxima geração sem qualquer análise crítica da crença em questão.
Atualmente temos de lidar com um problema paradoxal bastante interessante: o herói existe mesmo ou temos de criá-lo para justificar nossas crenças? As crenças geram os heróis ou os heróis geram as crenças?
Parece que o herói é nosso representante democrático; nos o elegemos, ele é o defensor de nossas virtudes. O pior é que a maioria de crentes deposita suas esperanças, de forma sincera e abnegada nestas premissas.
Não existem culpados para esta situação; as verdades são passadas de pai para filho, floresce no seio da família; é provável que o crente não saiba a princípio o que esta fazendo. A crença é irracional e não possui nenhum fato que a sustente a não ser é obvio as pessoas influenciáveis submetidas à uma mesma ilusão de óptica. O crente baseia sua verdade nos ensinamentos de seus antepassados postada em metáforas obscuras. Apesar de não ser culpado por suas crença é indesculpável, porém, o crente não discutir sua verdade; não coloca-la sob o crivo de agnósticos; não submetes a idéia à crítica costumas; não debate seu ponto de vista; finalmente não vislumbra sob nenhuma hipótese a possibilidade de estar errado em algum ponto.
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