E isso respeito aos que escrevem para vender, mas, e os que escrevem por que se dizem intelectuais? Neste caso deveria ser delito com agravante. A punição, sei lá, passar um mês amarrado ouvindo 16 horas por dia alguém declamar a Cidade de Deus de Santo Agostinho em latim, e com as despesas por conta da família, claro. Muito a pesar de Sartre, o último e mais importante filósofo do século XX foi sem lugar a dúvidas Ludwig Wittgenstein. Se ele próprio já teve dificuldades para conciliar as contundentes sentencias do seu Tractatus Lógico-Filosoficus, imaginem então Sartre com seu O Ser e o Nada. Só o índice já dá dor de cabeça, e aí pretendia ainda convencer às massas de que era um humanista. Me digam, quantas pessoas já se fartaram de ouvir o termo “existencialismo” sem ter porem a mínima idéia do que isto signifique? Vão e leiam apenas o índice da mencionada obra e, lhes garanto, vão ter vontade de matar a quem lhes falar de Sartre e do seu existencialismo humanista novamente. Era um filósofo, sim, claro, mas Wittgenstein era maior e nunca pretendeu convencer ninguém de que era um humanista. Pelo contrario, jamais tentou se aparecer e, aliás, ele mesmo, depois das dúvidas sobre sua obra, e no seu caso a dificuldade começava já pelo próprio título, reestruturou boa parte da sua filosofia, fora da influencia de Russell e do Círculo de Viena, e escreveu as Investigações Filosóficas, estas, sim, dignas de uma melhor compreensão, a pesar da sua provável menor genialidade. Esse sim foi um intelectual, e não o engodo do mundo existencialista e dos seus engajamentos humanistas e sócio-políticos.
Mas a pergunta inicial era sobre os escritores deste nosso pobre século. De supostos intelectuais do passado tive que falar um pouco porque realmente hoje já todos morreram. Século XXI, o século sem filosofia; que não sem escritores, claro, só que do tipo acima mencionados. E quando parece que sabem escrever alguma coisa, rapidamente se somam à praga dos tais dos “críticos”. Nada produzem. Lastimável, apenas falam dos outros. Já na época de Poe cresciam em tal número os críticos que ele próprio pedia alguma forma de dizimá-los. A solução por ele apontada era deixar que se matassem entre sim, mas, é claro, com uma corda de seda como a que usavam na Espanha para matar os “Grandes” de sangue azul. E é que ser crítico é de uma reputação que nem os nobres espanhóis da época chegavam sequer perto dela.
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