segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Da presença e da falta


“O sumo bem só no ideal perdura...  
Ah! Quanta vez a vida nos revela
Que ‘a saudade da amada criatura’
É bem melhor do que a presença dela...”
Isso se aplica, sem retoques, ao seu amor, à sua amada, ao seu amado.
A presença constante do objeto amado é qual passarinho engaiolado, e como o sangue nas veias, parado...perde o viço, apodrece.
A realidade, dizia Heráclito de Éfeso, é marcada pelo conflito (pólemos) entre os opostos, como o fogo (pyr) que queima e se auto consome, simbolizando tal dinâmica.
Nas coisas do amor romântico, também alegorizado pelo fogo, dá-se o mesmo - adjetivação. Dia e noite, calor e frio, vida e morte, desejo e tédio são opostos que se complementam.
Tudo é devir, devindo; vir-a-ser. Dialética (dialectica); destino (fatum).
Certo mesmo só a incerteza, presença da falta.

Nenhum comentário: