quarta-feira, 17 de abril de 2013

Dor


O tempo não descansa, nem rola ociosamente pelos sentidos, pois produz na alma efeitos admiráveis.
O tempo vinha e passava, dia após dia.
Vindo e passando, inspirava-me novas esperanças e novas recordações. 
Pouco a pouco, reconfortava-me nos antigos prazeres a que ia cedendo a minha dor.
Não se sucediam, é certo, novas dores, mas fontes de novas dores.
Mas por que me penetrava tão facilmente e até o íntimo aquela dor, senão porque derramei na areia a minha alma, amando um mortal como se ele não houvesse de morrer?
                                                                                   (Sto. Agostinho, 2009, p.83)


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